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domingo, 9 de maio de 2010

Guerra, jogo e corpo

Ao lermos o capítulo guerra e jogo do Huizinga, encontramos as características do jogo na guerra, eu achava que isso não era possível, mas está tudo lá o prazer, a seriedade, o tempo e espaço definido, as regras, o ritual até o estraga prazer podemos encontrar na guerra. Foi solicitado para cada grupo um trabalho em que pudéssemos ver na mesma situação ou modalidade a luta, o jogo e o corpo. Aprendemos com os outros grupos que podemos encontrar os três elementos na vida de um dependente químico que quer se livrar das drogas, dos índios que querem preservar a sua cultura e na capoeira, o meu grupo optou por falar do tango.
Ao analisarmos um casal dançando tango podemos ver características tanto do jogo como da luta. Existe o tempo e espaço definido, o prazer, o divertimento, durante a improvisação podemos ver a criatividade, também existe regras, pois a mulher precisa aceitar a condução do homem para que a dança flua, porém durante a improvisação o homem não pode ter mais destaque do que a mulher. Apesar de muitas vezes a coreografia aparentar uma competição ou disputa o casal precisa colaborar intimamente um com o outro, pois sem essa colaboração não é possível dançar tango.
Segundo Huizinga (2007),
Jogo “é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana”
No tango podemos ver um duelo entre o casal durante o jogo da sedução, esse duelo é travado pelo olhar. “ Antes do início da batalha os mais bravos guerreiros desafiam seus equivalentes do campo adversário. A batalha é um teste do destino. (HUIZINGA, Johan. Homo ludens)

Em qualquer estilo de dança a o corpo fica em evidência, porém no tango podemos ver claramente a sua totalidade, por se tratar de uma coreografia complexa que exige que os bailarinos, “abrazados”, realizem figuras, pausas e movimentos, “cortes y quebradas”, dentro de uma coreografia em permanente improvisação, que tem que incluir ambos. Em cada movimento podemos perceber que os dançarinos são absorvidos pelo jogo e, isso fica claro na expressão corporal e facial.
Se tentarmos dar mais explicações sobre o corpo entraremos no pensamento de Descartes ou seja o dualismo “ Ao tentar explicar todas as suas dimensões, o homem se retalha em duas, três ou quatro partes e depois se torna incapaz de perceber a totalidade em que elas se realizam” ( Medina, João Paulo S. EDUCAÇÃO FÍSICA CUIDA DO CORPO... E “MENTE”). Em qualquer prática corporal precisamos ver o corpo como uma rede onde tudo se completa e não como uma construção que precisa de bloco por bloco para ficar de pé. Como podemos assistir a uma apresentação de tango e ver apenas o corpo, seria possível a matéria realizar todos os movimentos sem a mente e sem a alma? A resposta é não, pois um precisa do outro para realizar os movimentos e deixar a coreografia excitante. “Uma onda no mar, antes de ser onda é água, a verdadeira essência da onda é ser água. Os opostos das dualidades pertencem à dimensão onda. Na dimensão água é possível que inclusive o que parece excludente faz parte de algo maior” ( Julia Paula Motta de Souza Pinto-A transformação da visão de Corpo na Sociedade Ocidental) Se ao analisarmos uma pratica corporal só vemos a matéria, isso significa que estamos vendo apenas a onda e deixando de lado tudo o que complementa essa onda.

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